Em pleno Centro
Histórico, a “Prefeitura Velha”, como é popularmente conhecida a centenária
edificação onde está a Pinacoteca Aldo Locatelli, vai receber duas novas
exposições que darão o pontapé inicial do 32º
Festival de Arte de Porto Alegre.
A motivação
desta mostra é evidenciar o perfil artístico do italiano Emilio Sessa (Bergamo,
1913-1990) e também comemorar os 10 anos do Instituto criado para homenagear
este pintor que residiu no Brasil de 1948 a 1965.
Serão apresentadas paisagens urbanas, cenas rurais, marinhas e naturezas-mortas
executadas tanto no período em que aqui esteve, como na sua volta à Bergamo.
Emilio Sessa é
mais conhecido pela pintura mural realizada em igrejas no Rio Grande do Sul,
para onde veio, mais especificamente para Pelotas, com o propósito de realizar
os murais da Catedral de São Francisco de Paula. Para acompanhá-lo, convidou o
conterrâneo Aldo Locatelli, com quem trabalhou em outras obras. Fez seus
estudos na Escola de Arte Aplicada Fantoni e na Oficina de Arte de Fermo
Taragni, em Bergamo, em companhia de Aldo Locatelli. Contudo, a familiaridade
com a arte sacra já vinha desde a infância, quando auxiliava o pai, decorador
de igrejas.
As suas
experiências de vida, consolidadas em lembranças, tornavam-se motivações
transpostas para as telas, onde o artista se valia da memória afetiva, como é
possível constatar em Inverno em Veneza
e Gôndolas de Veneza. Tratando-se de
obras realizadas em Porto Alegre, era, portanto, a Veneza que havia conhecido e
que permanecia na memória. Assim, conservava a Itália presente em sua vida,
como se pode constatar nos trabalhos desta mostra.
Acompanhando o
conjunto de seus trabalhos, percebe-se de imediato a existência de vínculos
diretos das vivências em Bergamo e arredores. Certamente o fazia também pelo
prazer do tema, como é o caso da Porta de
San Lorenzo. Esta é uma pintura executada com cores fortes, enfatizando a
ostentação de sua importância temática. Por ser a entrada da cidade antiga,
mostra que, historicamente, ultrapassar o pórtico significava ser aceito pelos
cidadãos. Tal imponência transparece no quadro.
As obras
expostas abrangem o período aproximado de trinta anos, e nesses transparecem as
mudanças ocorridas. Na tela Città Vecchia,
tendo como ponto de atração a escadaria de acesso à cidade antiga, o pintor
equilibra a composição com a vegetação, onde os ciprestes em movimento trazem
para a tela a presença real do vento. As copas das demais árvores acompanham o
mesmo movimento.
De fato, Emilio
Sessa é herdeiro direto da clássica figuração italiana e claramente uniu a
sensibilidade à habilidade e à técnica em composições exemplares.
Città Vecchia, 1974. óleo sobre tela. 44x53cm |
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Inverno em Veneza, 1951. óleo sobre tela . 30x27,5cm |
Porta de San Lorenzo, sem data. óleo sobre tela. 20x30cm |
A exposição
apresenta a produção recente de objetos sonoros de Chico Machado, cuja última
individual realizada em Porto Alegre foi em 2013. Artista plástico, performer,
músico experimental e professor do Departamento de Arte Dramática do Instituto
de Artes da UFRGS, Chico Machado é um pesquisador que, em sua trajetória
iniciada em meados da década de oitenta, atuou e atua nas áreas das histórias
em quadrinhos, do desenho, da pintura, do vídeo, da escultura, da performance,
da música e do teatro. A sua produção atual, apresentada nesta exposição,
reflete a multiplicidade de meios e linguagens artísticas entre as quais
transita e o universo de investigação que permeia as suas práticas.
Muitos dos
dispositivos sonoros oferecidos ao público nesta exposição foram elaborados
para serem utilizados em performances. A circunstância da performance é
distinta da circunstância expositiva, pois o uso controlado que o artista confere
aos aparelhos na situação da performance, a exploração máxima de suas
capacidades, recursos e limitações nem sempre são possíveis de serem oferecidos
e compreendidos pelo público. Além disso, temos uma compreensão culturalmente e
historicamente construída sobre os modos como devemos nos comportar em
exposições das artes ditas visuais. É só para olhar? O público pode realmente
tocar nos objetos? E em quais partes pode tocar?
Pois bem, nesta
exposição, para ouvir o visitante terá que tocar, pois a dimensão sonora da
experiência que os objetos oferecem é tão importante quanto a experiência
visual.
Pinacoteca Aldo Locatelli / Paço dos Açorianos
(“Prefeitura Velha”)
Praça Montevidéu, 10, Centro Histórico – Porto Alegre
visitação: 10 de outubro até 23 nov 2018 /
seg a sex, das 9h às 12h e das 13h30 às 18h
informações: (51) 3289-3735
/ acervo@smc.prefpoa.com.br
gratuito
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