quarta-feira, 28 de dezembro de 2016



ZH Arte - 19/12/2016


Exposição destaca leveza das aquarelas de Carlos Mancuso

 

Mostra tem curadoria de Blanca Brites e fica em cartaz na Pinacoteca Aldo Locatelli até 27 de janeiro


Por: Luiza Piffero

Enquanto a Pinacoteca Ruben Berta exibe obras de José Lutzenberger, outro arquiteto com grande domínio da aquarela recebe uma exposição na Capital. Sensível leveza, com 33 aquarelas do porto-alegrense Carlos Mancuso (1930 – 2010), será inaugurada nesta terça-feira, na Pinacoteca Aldo Locatelli. As duas mostras, realizadas pela Secretaria da Cultura de Porto Alegre, destacam artistas locais que trabalharam em pinturas sobre papel. Se na primeira conhecemos o cotidiano gaúcho no início do século 20, com a segunda o foco deixa de ser figuras humanas e migra para naturezas-mortas e paisagens que parecem suspensas no tempo.

Professor que formou gerações de artistas gaúchos, Mancuso pintava paisagens gaúchas 
 Foto: Clóvis Dariano / coleção Ricardo Mancuso

Na rotina de Carlos Mancuso, arte e arquitetura andavam juntas. Como professor da UFRGS, formou gerações de artistas, ensinando sobre o barroco, sua especialidade, e incentivando as experimentações de estudantes que mais tarde formariam o grupo Nervo Óptico. No ofício de arquiteto, esboçava os projetos em aquarela. Quando chefiou a equipe de restauração do Theatro São Pedro, de 1975 a 1984, juntou-se a Danúbio Gonçalves, Léo Dexheimer e Plinio Bernhardt para executar as pinturas que ornam o teto do teatro. Participou do Álbum Gravuras Gaúchas, editado pelo Clube de Gravura de Porto Alegre, junto a Glauco Rodrigues, Vasco Prado, Carlos Scliar e Glênio Bianchetti. Apesar dos prêmios recebidos, era discreto. Realizou raras exposições individuais.

 Foto: Clóvis Dariano / coleção Heitor Bergamini
As aquarelas de Mancuso passeiam por várias temáticas, como retratos e construções, mas foram as paisagens e naturezas-mortas que mais chamaram a atenção da curadora Blanca Brites em sua pesquisa nos acervos do colecionador Heitor Bergamini, da família Mancuso, de Alfredo Nicolaiewsky e da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo da UFRGS. Pinçou obras das décadas de 1950 a 1990, inclusive trabalhos inéditos, como o mais antigo da mostra, datado de 1953.
A curadoria sublinha a extrema leveza dos trabalhos em que cores e transparências são as protagonistas. Nas paisagens e marinhas, é possível identificar cenas convidativas de vinhedos na serra gaúcha e da Praia da Guarita, em Torres. Quando presentes, as figuras humanas ficavam em segundo plano.
– É realmente "paisagem" como registro de uma relação mais bucólica, de querer colocar uma sensação de expansão – pondera Blanca.
A transparência e luminosidade da aquarela encantavam o artista, que primava pela leveza até mesmo em naturezas-mortas. Os arranjos de flores e frutas que caracterizam o gênero são tradicionalmente usados para refletir sobre a finitude e os ciclos da vida.
– Há quase uma contradição em tratar uma natureza-morta de maneira suave. Ele faz um jogo, trabalha com o peso da finitude com leveza e transparência.

Foto: Clóvis Dariano / coleção Eduardo Mancuso



Carlos Mancuso – sensível leveza
Abertura terça-feira (20 de dezembro), às 19h. Visitação de segundas a sextas-feiras, das 9h às 12h e das 13h30min às 18h. Até 27 de janeiro.
Pinacoteca Aldo Locatelli, no Paço dos Açorianos (Praça Montevidéu, 10), em Porto Alegre. Informações: (51) 3289-3735.




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