quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Exposição Tempos de Ver: paisagens do XX ao XXI

          No dia 13 de setembro, quarta-feira, será aberta para visitação pública na Pinacoteca Ruben Berta a exposição “Tempos de Ver”, dedicada à iconografia da paisagem, trazendo obras representativas de três diferentes épocas:
·        o início do século XX, através dos trabalhos de Pedro Weingärtner pertencentes às Pinacotecas Aldo Locatelli e Barão de Santo Angelo;
·        a década de 1960, por uma série de pinturas da Pinacoteca Ruben Berta, assinadas por artistas munidos de diferentes concepções estéticas;
·        e, por fim, a obra recente de um jovem artista porto-alegrense, Ismael Monticelli, que utiliza a fotografia para abordar o tema central da exposição.
            Mas, para além de apresentar uma temática que persiste ao longo da história da arte, um dos objetivos principais desta exposição organizada por “saltos” cronológicos é instigar o visitante a desvendar os múltiplos sentidos que o gênero adquire em diferentes momentos históricos. Na medida em que a representação da paisagem assinalou e evidenciou ao longo do tempo as diferentes fases da nossa concepção da natureza, também é razoável supor que os artistas aportaram com as técnicas aplicadas na instauração das obras um repertório conceitual revelador de sua própria visão de mundo.
            No caso de Pedro Weingärtner, cujas pinturas constituem o núcleo gerador da exposição, trata-se de artista com sólida formação acadêmica e considerado um dos principais pintores brasileiros da transição da Monarquia para a República, justamente o período em que a paisagem conquista no Ocidente a autonomia enquanto gênero artístico. Mesmo residindo em Roma, Weingärtner abordou as paisagens locais, trazendo, em suas freqüentes visitas, obras que eram vendidas em Porto Alegre. Por vezes, estas paisagens eram o tema principal do quadro, por outras vezes, cenários para retratar o migrante europeu ou o gaúcho, tipos pela primeira vez representados por um pintor rio-grandense. Como característica mais evidente sobressaía um detalhismo extremado, resultado de enorme esforço em representar da maneira mais exata possível a realidade e obtido pelo estudo intenso das formas, pelo exercício do desenho e quiçá pelo uso da fotografia, a partir da qual posteriormente construía suas composições no atelier.
            A fim de identificar contrastes com a obra de Pedro Weingärtner, mas, sobretudo, buscar as linhas de continuidade entre produções de distintas épocas, as obras datadas da década de 1960 que participam da exposição, todas pertencentes ao acervo da Pinacoteca Ruben Berta, trazem à tona um período de grandes embates nas artes plásticas, onde disputavam legitimidade tendências à abstração ou à figuração, com um acento expressionista em diversos artistas. Por vezes se evidencia uma apropriação da linguagem naïf, em outros a emergência de uma figuração pop, mas também em certos casos sobressai uma preocupação social, em especial na abordagem das paisagens urbanas. De certo, que os fatos mais dissonantes, comparativamente com a produção dos inícios do século XX, são a profusão de linguagens e o abandono da exatidão na representação da paisagem, advindo este último sob a justificativa da maior expressão poética do artista.
            O desejo de contemplar a paisagem, imanente à condição do homem moderno, persiste, mas transfigurado, como tema na arte contemporânea. No caso do porto-alegrense Ismael Monticelli a paisagem é desvelada, melhor dizendo, forjada, a partir dos vestígios do cotidiano. Como uma espécie de paisagem doméstica, devidamente ordenada, numa sensível tomada fotográfica. Este gesto, que é político em boa medida, de conferir acento ao prosaico do dia-a-dia, assume rigor estético e é matizado pela palavra escrita, o texto elaborado pelo próprio artista, o qual induz o visitante a seguir esta longa tradição paisagística e a permanecer atento para decorrência inevitável de que ao contemplar o mundo, mesmo as menores coisas, acabará descobrindo a si próprio.


Tempos de Ver: paisagens do XX ao XXI
Abertura: 13 de setembro de 2017, quarta-feira, 18h30
Pinacoteca Ruben Berta.
Rua Duque de Caxias, 973
Centro Histórico - Porto Alegre – Rio Grande do Sul
visitação: de 14 set 2017 a 10 nov 2017 | seg a sex, das 10h às 18h

 Artistas participantes

Pedro Weingärtner (Porto Alegre, 1853-1929), Carlos Bastos (Salvador, 1925-2004), Chanina (Polônia, 1927 - Belo Horizonte, 2012), Chang Dai Chien (Neijiang, 1899 - Taipé, 1983), Fernando Coelho (Salvador, 1939), Ildeu Moreira (Belo Horizonte, 1920-1999), Isidoro Vasconcelos (sem dados), Jatyr Loss (Bento Gonçalves, 1919 - Porto Alegre, 1988), Jorge Costa Pinto (Salvador, 1916-1993), Maria Helena Andrés (Belo Horizonte, 1922), Marianne Peretti (França, 1927), Mário Gruber (Santos, 1927 – Cotia, 2011), Michael Buhler (Inglaterra, 1940-2009), Orlando Teruz (Rio de Janeiro, 1902-1984), Sérgio Telles (Rio de Janeiro, 1936), Ismael Monticelli (Porto Alegre, 1987).


 
Carlos Frederico Bastos (Salvador, 1925-2004)
Inicia sua formação artística na Escola de Belas-Artes da Universidade da Bahia, onde ingressa em 1944. Nesse ano, participa, ao lado de Mario Cravo Júnior e de Genaro, da 1ª Mostra de Arte Moderna da Bahia. Muda-se para o Rio de Janeiro, em 1946, e conclui os estudos na Escola Nacional de Belas Artes. Estuda também na Sociedade Brasileira de Belas Artes e na Fundação Getúlio Vargas - FGV, sendo aluno de Iberê Camargo e Carlos Oswald. Paralelamente, faz cursos particulares com Portinari e aulas de cenografia com Martim Gonçalves. Em 1947, de volta a Salvador, organiza sua primeira individual na Biblioteca Pública. Nesse mesmo ano, realiza especialização na Arts Students League, Nova York. Vai para Paris, em 1949, onde faz cursos de pintura mural e afresco na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts e aulas de desenho na Académie de la Grande Chaumière. De volta ao Brasil, em 1951, participa do 1º Salão de Arte Moderna, 1952, e do Salão Preto e Branco, 1954, entre outros. Após novo período em Paris, de 1957 a 1958, monta seu ateliê em Salvador, fixando-se na cidade.
O cenário da obra de Carlos Bastos é a Bahia, que ele representa com franca postura realista. Valendo-se de desenho minucioso e forte colorido, suas telas explicitam compromisso com o registro da região e sua cultura. As festas - outro eixo temático bastante explorado - fornecem novas possibilidades para a expressão da cor e da vida local. Também as figuras populares, negros, meninos abandonados e jogadores são frequentemente convocados a compor telas de cores exuberantes e/ou extensos painéis. O universo religioso, católico e afro-brasileiro, ocupa lugar destacado no interior desse leque temático.
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra4237/festa-civica - acesso em 21 ago 2017)
                                              

Chang Dai Chien (Neijiang, 1899 - Taipé, 1983)
Foi um dos mais célebres e versáteis artistas da China no século XX. Originalmente um pintor tradicionalista, mas já nos idos da década de 1960 era considerado impressionista e expressionista. Nascido em uma família de artistas em Neijiang, estudou técnicas para tingir tecidos em Kyoto, Japão e retornou para estabelecer uma célebre carreira vendendo as suas pinturas em Xangai.
Admirador do mestre Shitao, pintou diversos quadros que foram vendidos por altos valores por acreditarem ser quadros do século XVII. Até 1941, suas obras basearam-se principalmente nos "Quatro Grandes Pintores Monges da Dinastia Qing" (entre eles, Shitao), nos mestres da escola de Wu da dinastia Ming e nos paisagistas da Dinastia Yuan. Em 1941, fez uma viagem às pouco exploradas cavernas de Dunhuang, um paraíso artístico com milhares de pinturas milenares, esculturas, escrituras budistas, documentos históricos, entre outros itens de valor inestimado que ficaram escondidos até 1900. Lá, estudou e mudou seu estilo, adotando técnicas e cores utilizadas em pinturas históricas pouco conhecidas e abandonadas pela cultura chinesa.
Deixou a China em 1948 e, após a segunda revolução chinesa, mudando-se sucessivamente para Hong Kong, Índia, Argentina e, enfim, em 1953, se instalou em Mogi das Cruzes, onde permaneceu até 1970. No início dos anos 60, abandonou o estilo guohua de pintura com contornos traçados, voltou ao da xieyi: pintura com expressão pessoal. Ao deixar o Brasil, mudou-se para os Estados Unidos, antes de sua residência definitiva em Taiwan.
A visita de Chang a Pablo Picasso em Antibes (França), em 1956, foi divulgada como o encontro dos dois maiores expoentes da arte do Oriente e do Ocidente.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Chang_Dai-chien
 acesso em 21 ago 2017)


Chanina (Polônia, 1927 - Belo Horizonte, 2012)
Emigra para o Brasil com seus pais, aos nove anos de idade, estabelecendo-se em Belo Horizonte. Cursa gravura em metal com Anna Letycia e composição com Fayga Ostrower. Em 1946, estuda pintura e desenho com Guignard, no Instituto de Belas Artes de Belo Horizonte, hoje Escola Guignard. Naquele mesmo ano, ingressa no curso de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, formando-se em 1955. Paralelamente ao exercício da medicina, dedica-se às atividades artísticas e ao ensino, tornando-se professor de pintura na Escola Guignard. Faz capas de livros e ilustrações.
A obra pictórica de Chanina caracteriza-se por intenso colorismo e apóia-se numa abordagem em que a fantasia é a tônica dominante. Os temas de suas pinturas são os mais variados, incluindo paisagens, figuras, palhaços, cavalos e retratos, entre outros. Ao longo de sua carreira, também faz algumas incursões pela abstração lírica.
O tema das cidades imaginárias, que permeia décadas da produção de Chanina mostra os vínculos de sua pintura com a obra de Guignard. Algumas lições deixadas pelo mestre marcam fortemente sua obra: o grafismo, a linha como elemento decorativo e a cor modulada nas figuras e muitas vezes na paisagem.
É recorrente nos trabalhos de Chanina a conciliação do uso da cor homogênea, no primeiro plano, com a liberdade do traço, no fundo. Além disso, o artista retoma de Guignard o emprego da transparência nas cores, o uso dos azuis e a delicadeza dos meios tons, vazados por um lirismo onírico. A todas essas características Chanina acrescenta algo da fantasia poética de Marc Chagall.

(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9791/chanina
 acesso em 21 ago 2018)

  
Fernando Coelho (Salvador, 1939)
Pintor, desenhista, artista gráfico, ilustrador e publicitário. Interessa-se desde cedo pelas artes gráficas, trabalhando como publicitário. Em 1961, obtém o primeiro prêmio num concurso de cartazes instituído pelo governo do Estado da Bahia. Faz sua primeira exposição individual em 1964, na Galeria Querino, em Salvador. Em 1997, ilustra o livro Castro Alves: Edição Comemorativa dos 150 anos de Antônio de Castro Alves, junto com outros artistas, editado pela Fundação Banco do Brasil e Odebrechet.
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8473/fernando-coelho 
 acesso em 21 ago 2017)


Ildeu Moreira (Belo Horizonte, 1920-1999)
Pintor, desenhista, gravador, ilustrador. Inicia-se nas artes visuais no Rio de Janeiro nos anos 1940, como desenhista no Suplemento Juvenil da Editora Brasil América. Colabora como ilustrador em diversas revistas, entre as quais Revista da Semana, O Cruzeiro e O Guri, além de chefiar o departamento de arte da Warner Bros no Brasil. Em 1954 retorna a Belo Horizonte, onde é convidado pelo jornalista José de Oliveira Vaz, dos Diários Associados, para chefiar o departamento de artes do jornal o Estado de Minas.


Ismael Monticelli (Porto Alegre, 1987)
Possui Bacharelado em Artes Visuais pela UFRGS (2010) e Mestrado em Artes Visuais na Universidade Federal de Pelotas - UFPel (2014). Dedica-se à pesquisa prática e teórica das relações instáveis entre fotografia, arte, realidade e ficção. Possui experiência com fotografia para as artes cênicas, tendo publicado suas imagens em jornais como Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, O Globo e Correio Braziliense. Tem experiência nas áreas de Artes Visuais e Fotografia, pesquisando, principalmente, os seguintes temas: história e crítica da imagem, processos de criação em fotografia, realidade e ficção na fotografia, produção e pós-produção de imagens. Teve seu trabalho destacado na seleção da Bolsa Iberê Camargo 2011 e foi premiado no Festival de Fotografia HTTPpix (Instituto Sérgio Motta, São Paulo/SP, 2010). Realizou as exposições individuais: “Todas as coisas, surgidas do opaco” (Santander Cultural, Porto Alegre, 2014); “A paixão faz das pedras inertes, um drama” (Goethe-Institut, Porto Alegre, 2011). Participou de diversas exposições coletivas em cidades como Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belém.

 (https://www.aura.art.br/artistas/ismael-monticelli)

Jatyr Loss (Bento Gonçalves, 1919 – Porto Alegre, 1988)

Natural de Bento Gonçalves, filho de pai e mãe italiana. Morou em Porto Alegre e São Paulo. Iniciou-se na pintura aos 11 anos de idade, criando condições próprias para estagiar com grandes mestres de seu convívio e conhecimento das técnicas e costumes das artes plásticas. Criou sua própria técnica com distorção de cores a qual lhe proporcionou um dos maiores acontecimentos de sua carreira, participando de uma mostra individual em Hollywood.

(Fonte: AMARP – Acervo Municipal de Artes Plásticas de Caxias do Su)
 
    
Jorge Costa Pinto (Salvador, 1916-1993)

Nascido numa tradicional família de Salvador e filho de um próspero comerciante, Jorge Costa Pinto iniciou os estudos na Faculdade de Direito da Bahia, onde se diplomou em 1938. Sua carreira como advogado registra momentos de ascensão e grande sucesso.
A paixão pela pintura despontou cedo, pois, mesmo jovem e ainda estudante de Direito, frequentou o curso livre da Escola de Belas Artes, além do ateliê de Alberto Valença, pintor baiano e professor da Escola. Por muitos anos pintou e desenhou em silêncio, pesquisando várias técnicas, enquanto desempenhava seu papel de advogado.
A sua primeira mostra pública foi em junho de 1965, no ICBA – Instituto Cultural Brasil Alemanha. Graças ao sucesso, outras se seguiram, em destacadas galerias. No ano seguinte, foi a vez da Galeria Atrium, em São Paulo, mais uma vez com expressiva participação do público amante das belas artes, inclusive com a presença de Assis Chateaubriand que, já debilitado, em cadeira de rodas, prestigiou o artista baiano.
Em 1977, expôs na Galeria Tempo, em Salvador. A essa altura, a carreira de advogado já tinha sido abandonada, desde 1971. Finalmente, em seu lugar, emergiu o “Mestre Pintor”, nas palavras do escritor Jorge Amado.

 (https://www.jorgecostapinto.com/galeria-virtual
acesso em 22 ago 2017)


Maria Helena Andrés (Belo Horizonte, 1922)

Estuda pintura com Carlos Chambelland, no Rio de Janeiro, entre 1940 e 1944, e com Guignard e Edith Behring na Escola do Parque, em Belo Horizonte, entre 1944 e 1947. Participa de diversas edições do Salão Nacional de Belas Artes - SNBA, do Salão Nacional de Arte Moderna - SNAM e da Bienal Internacional de São Paulo.
No decorrer dos anos 1950, rompe com a figuração lírica em direção à arte concreta. As composições desse período trazem uma sequência ritmada de linhas verticais e horizontais, as áreas delimitadas resultantes são preenchidas, aqui e ali, com cores distintas, que originam formas geométricas como retângulos e quadrados. As linhas e cores são dispostas numa esquematização organizada, alcançando a síntese formal almejada pelos concretistas. Concomitantemente, o ritmo e a delicadeza das composições conferem um aspecto poético a essa produção, cujo resultado formal guarda semelhanças com as telas do holandês Piet Mondrian.
No início da década de 1960, realiza viagem de estudo a Nova York, onde recebe a orientação de Theodorus Stamos e entra em contato com o expressionismo abstrato. Essa experiência promove uma transformação significativa em sua produção, que se volta à pintura gestual, podendo ser qualificada entre o abstracionismo lírico, informal. Os barcos são referência para a criação da artista em diversas telas desse período, trabalhadas em superfícies de matéria espessa.
Realiza várias viagens ao Oriente a partir da década de 1970, e conhece o Nepal, Tibete, Japão, Tailândia e Índia. Nessas ocasiões, participa de seminários e palestras. Motivada por tais experiências, realiza um estudo comparativo sobre as culturas indiana e brasileira, publicado no livro Oriente-Ocidente: Integração de Culturas, em 1984. Tais reflexões permeiam sua obra artística, que amplia a abstração, o aspecto gestual, a fluidez e transparência da composição, procedimentos provavelmente incorporados por seu contato e admiração pela arte oriental.
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa23/maria-helena-andres
acesso em 21 ago 2017)

  
Marianne Peretti (Paris, 1927)

Ingressa, aos 15 anos, na École Nationale Superieure des Arts Décoratifs, França, onde estuda desenho e pintura. Depois, realiza cursos livres na Académie de la Grande Chaumière. Em 1952, apresenta exposição individual, com desenhos e guaches, na Galerie Mirador, Paris. No Brasil desde 1953, participa da 5ª Bienal de São Paulo (1959) e é premiada na 8ª Bienal (1965) pela capa do livro As Palavras (1964), do filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980). Em 1965, conhece a arquiteta Janete Costa (1932-2008), que a incentiva a trabalhar com o vidro, matéria até então desconsiderada pela artista. Em 1971, conhece o arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) com quem inicia longa parceria. São mais de 20 trabalhos com o arquiteto, dentre eles, a elaboração do painel de vidro do Palácio do Jaburu, a reforma da Catedral Metropolitana de Brasília, na qual Marianne projeta os vitrais que recobrem a Sé, o painel na fachada do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e o vitral no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, todos em Brasília. Também executa esculturas e vitrais em residências e instituições privadas, principalmente em Recife, onde reside entre as décadas de 1960 e 1980. Seus trabalhos encontram-se no Ceará, Alagoas, Rio de Janeiro, Itália e França.
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa217253/marianne-peretti
acesso em 22 ago 2017)

  
Mário Gruber (Santos, 1927 – Cotia, 2011)

Autodidata, começa a pintar em 1943, apresentando uma produção ligada ao expressionismo. Muda-se para São Paulo em 1946 e matricula-se na Escola de Belas Artes. Em 1947, ganha o primeiro prêmio de pintura na exposição do grupo 19 Pintores. No ano seguinte realiza sua primeira exposição individual e passa a trabalhar com Di Cavalcanti. Recebe bolsa de estudo em 1949, vai morar em Paris, estudando na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts.
Retorna ao Brasil em 1951 e funda o Clube de Gravura em sua cidade natal, onde volta a residir. Em sua obra gráfica dessa época, aproxima-se do realismo social. A cidade, as ruas e casas são temas para sua produção gráfica. Monta ateliê de gravura em São Paulo em 1970. De 1974 a 1978, mora em Paris, depois, ao retornar ao Brasil, mora em Olinda, Pernambuco. Em 1979, monta ateliê em Nova York. De volta a São Paulo, realiza obras de grande porte em espaços públicos como a estação Sé do Metrô e o Memorial da América Latina. Na década de 2000, continuava a trabalhar intensamente.
 (http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10118/mario-gruber
acesso em 22 ago 2017)


Michael Buhler (Londres, 1940-2009)

 Foi obrigado a ganhar a vida ensinando arte. Menos famoso como pintor do que merecia, no entanto, mostrou regularmente seu trabalho a partir de exposições individuais na década de 1960. Era respeitado e admirado por seus pares, não apenas pelo empenho pessoal como artista, mas pela consistência, originalidade e sofisticação do seu trabalho. A rara qualidade de humor em sua observação da condição humana deu-lhe um sabor particular.
Como professor, Michael não foi menos notável. Ele será lembrado por muito tempo com gratidão e carinho por colegas e alunos, pois aplicou seu dom para ensinar a toda a gama de interesses maravilhosamente variados. Seus métodos poderiam ser um pouco singulares - um aluno desobediente, dado a vaguear em vez de abordar os problemas pictóricos na mão, era amarrado à sua cadeira.
Michael nasceu em Londres, filho único do primeiro casamento de Robert Buhler, ele próprio um pintor distinto, acadêmico real, membro de longa data do corpo docente do Royal College of Art. Michael foi enviado primeiro para a escola Hampshire em Chelsea, em seguida, para Betteshanger, em Kent, e finalmente para Bryanston, em Dorset. Lá seu talento inato foi incentivado e desenvolvido. A partir de Bryanston, Michael seguiu para a Royal College of Art. Para ser não só o filho de um pintor, mas para ser ensinado por ele também. Enquanto compartilhava com o pai uma sutileza natural e delicadeza de toque, quase que imediatamente procurou distanciar-se dele em forma e abordagem.
 Frente à pop art e o abstracionismo, sua solução foi desenvolver um amálgama dos estilos, expresso em primeiro lugar em termos de uma paisagem nítida e colorida, e, em seguida, cada vez mais em termos de uma figuração narrativa simplificada. Ele também muitas vezes fez caixas em camadas, o que representa um mundo superior e um inferior. Foi uma abordagem e uma resolução de um dilema pessoal, que iria sustentá-lo ao longo da vida.
(www.theguardian.com/artanddesign/2009/dec/09/michael-buhler-obituary
tradução: Luis Guilherme Ramos Dias Machado / adaptado por Flávio K.)



Orlando Teruz (Rio de Janeiro, 1902 - 1984)

Estuda na Escola Nacional de Belas Artes entre 1920 e 1923, tendo, no ano seguinte, sua primeira participação na Exposição Geral de Belas Artes do Rio de Janeiro. Em 1934, recebe Prêmio de Viagem ao Exterior, que usufrui apenas em 1939, quando viaja para França, Holanda e Itália, mas é obrigado a interrompê-la devido à deflagração da Segunda Guerra Mundial. Trabalha com Lucio Costa e Candido Portinari pela implantação da divisão moderna no Salão Nacional de Belas Artes, que passa a vigorar em 1940. No ano de 1944, integra a Exposição de Pinturas Modernas Brasileiras, realizada na Burlington House, sede da Royal Academy of Art de Londres. Participa em 1951 e 1953 da 1ª e 2ª Bienais de São Paulo.
Como aponta Carlos Heitor Cony (1926) em livro dedicado à obra de Orlando Teruz, seu trabalho aproxima-se muito da produção de Candido Portinari, com quem convive desde a formação na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, tanto em termos formais como temáticos. Ambos propõem uma pintura moderna, que fuja às soluções determinadas pelo estudo acadêmico, mas mantém a relação com a tradição.
Como Portinari, Teruz possui grande domínio da técnica, tanto da pintura como do desenho de observação, aprimorados durante o período de formação na Enba. Sua temática aborda cenas de infância - inúmeras e presentes em todos os períodos da vasta produção do pintor – cavalos e reuniões populares.
No limiar entre moderno e tradicional, Teruz resvala, por vezes, em soluções trazidas pelos movimentos de vanguarda, sendo o surrealismo a referência mais marcante no que diz respeito a ambientações oníricas, ainda que presente em sua produção tardia.



              Pedro Weingärtner (Porto Alegre, 1853-1929)


Filho de um imigrante alemão, trabalha inicialmente numa loja de ferragens e depois num estabelecimento litográfico. Em 1879, viaja por conta própria para Hamburgo, na Alemanha, e estuda no Liceu de Artes e Ofícios. Posteriormente, segue para Karlsruhe, cursa a Escola de Belas Artes de Baden.
No início dos anos 1880, viaja para Paris, estuda com Tony Robert-Fleury e William-Adolphe Bouguereau, com quem permanece por três anos. Bouguereau solicita ao Imperador Dom Pedro II uma bolsa para que o jovem possa continuar seus estudos na Europa. Em 1886, Weingärtner passa a residir em Roma, onde permanece por longo período. Viaja constantemente ao Brasil e participa de diversas exposições. Realiza mostra individual no Rio de Janeiro, em 1888, com paisagens e cenas de gênero, muito elogiadas pelos críticos brasileiros.
De volta ao Brasil, em 1891, torna-se professor da cadeira de desenho figurado na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio e Janeiro. Realiza diversas viagens ao sul do país, e explora temas regionais, que se tornam freqüentes em sua produção. Viaja novamente para a Itália, entre 1896 e 1902, e posteriormente, entre 1911 e 1920, realizando constantes viagens ao Brasil. Passa a dedicar-se também à técnica da água-forte, da qual é um dos precursores no país.

(PEDRO Weingärtner (1901 : São Paulo, SP). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento567733/pedro-weingaertner-1901-sao-paulo-sp>. Acesso em: 04 de Set. 2017. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7)

 
  
Sergio Telles (Rio de Janeiro, 1936)

Desenhista, pintor e ilustrador. Em meados de 1954 estuda na Colméia, no Rio de Janeiro. Realiza sua primeira exposição individual em 1955, no Rio de Janeiro. Em 1957, viaja pela Europa e visita os principais museus da Itália, França, Holanda e Portugal. Nessa mesma época, faz estágio nos serviços de restauração da Pinacoteca do Vaticano. De volta ao Brasil, freqüenta os ateliês de Rodolfo Chambelland, Oswaldo Teixeira e de Marie Nivoulies de Pierrefort, no Rio de Janeiro. Em 1964, ingressa na carreira diplomática. Na década de 70, viaja para Porto Seguro, Bahia, por sugestão do escritor Jorge Amado, e realiza desenhos e óleos, publicados em livro, com a colaboração de Jorge Amado e Jeanine Warnwood. É autor de Nivouliès de Pierrefort, editado em Buenos Aires pelo Museu de Arte Moderna, 1974; e ilustrador de Rio de Janeiro, lançado no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1978.
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa682/sergio-telles
acesso em 22 ago 2017)

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