No
dia 13 de setembro, quarta-feira, será aberta para visitação pública na
Pinacoteca Ruben Berta a exposição “Tempos de Ver”, dedicada à iconografia da
paisagem, trazendo obras representativas de três diferentes épocas:
·
o início do
século XX, através dos trabalhos de Pedro Weingärtner pertencentes às
Pinacotecas Aldo Locatelli e Barão de Santo Angelo;
·
a década de 1960,
por uma série de pinturas da Pinacoteca Ruben Berta, assinadas por artistas
munidos de diferentes concepções estéticas;
·
e, por fim, a
obra recente de um jovem artista porto-alegrense, Ismael Monticelli, que utiliza
a fotografia para abordar o tema central da exposição.
Mas,
para além de apresentar uma temática que persiste ao longo da história da arte,
um dos objetivos principais desta exposição organizada por “saltos”
cronológicos é instigar o visitante a desvendar os múltiplos sentidos que o
gênero adquire em diferentes momentos históricos. Na medida em que a representação
da paisagem assinalou e evidenciou ao longo do tempo as diferentes fases da nossa
concepção da natureza, também é razoável supor que os artistas aportaram com as
técnicas aplicadas na instauração das obras um repertório conceitual revelador
de sua própria visão de mundo.
No
caso de Pedro Weingärtner, cujas pinturas constituem o núcleo gerador da
exposição, trata-se de artista com sólida formação acadêmica e considerado um
dos principais pintores brasileiros da transição da Monarquia para a República,
justamente o período em que a paisagem conquista no Ocidente a autonomia
enquanto gênero artístico. Mesmo residindo em Roma, Weingärtner abordou as
paisagens locais, trazendo, em suas freqüentes visitas, obras que eram vendidas
em Porto Alegre. Por vezes, estas paisagens eram o tema principal do quadro,
por outras vezes, cenários para retratar o migrante europeu ou o gaúcho, tipos pela
primeira vez representados por um pintor rio-grandense. Como característica
mais evidente sobressaía um detalhismo extremado, resultado de enorme esforço
em representar da maneira mais exata possível a realidade e obtido pelo estudo
intenso das formas, pelo exercício do desenho e quiçá pelo uso da fotografia, a
partir da qual posteriormente construía suas composições no atelier.
A fim
de identificar contrastes com a obra de Pedro Weingärtner, mas, sobretudo,
buscar as linhas de continuidade entre produções de distintas épocas, as obras
datadas da década de 1960 que participam da exposição, todas pertencentes ao
acervo da Pinacoteca Ruben Berta, trazem à tona um período de grandes embates
nas artes plásticas, onde disputavam legitimidade tendências à abstração ou à
figuração, com um acento expressionista em diversos artistas. Por vezes se
evidencia uma apropriação da linguagem naïf, em outros a emergência de uma
figuração pop, mas também em certos casos sobressai uma preocupação social, em
especial na abordagem das paisagens urbanas. De certo, que os fatos mais dissonantes,
comparativamente com a produção dos inícios do século XX, são a profusão de linguagens
e o abandono da exatidão na representação da paisagem, advindo este último sob
a justificativa da maior expressão poética do artista.
O
desejo de contemplar a paisagem, imanente à condição do homem moderno, persiste,
mas transfigurado, como tema na arte contemporânea. No caso do porto-alegrense
Ismael Monticelli a paisagem é desvelada, melhor dizendo, forjada, a partir dos
vestígios do cotidiano. Como uma espécie de paisagem doméstica, devidamente
ordenada, numa sensível tomada fotográfica. Este gesto, que é político em boa
medida, de conferir acento ao prosaico do dia-a-dia, assume rigor estético e é
matizado pela palavra escrita, o texto elaborado pelo próprio artista, o qual
induz o visitante a seguir esta longa tradição paisagística e a permanecer
atento para decorrência inevitável de que ao contemplar o mundo, mesmo as
menores coisas, acabará descobrindo a si próprio.
Tempos de Ver: paisagens do XX ao XXI
Abertura: 13 de setembro de 2017, quarta-feira, 18h30
Pinacoteca Ruben Berta.
Rua Duque de Caxias, 973
Centro Histórico - Porto Alegre – Rio Grande do Sul
visitação: de 14 set 2017 a 10 nov 2017 | seg a sex, das 10h às 18h
Artistas participantes
Pedro Weingärtner (Porto Alegre, 1853-1929), Carlos Bastos (Salvador, 1925-2004), Chanina (Polônia, 1927 - Belo Horizonte,
2012), Chang
Dai Chien (Neijiang, 1899 -
Taipé,
1983), Fernando Coelho (Salvador, 1939), Ildeu Moreira (Belo Horizonte, 1920-1999), Isidoro Vasconcelos (sem dados), Jatyr Loss (Bento
Gonçalves, 1919 - Porto Alegre, 1988), Jorge Costa Pinto (Salvador, 1916-1993), Maria Helena Andrés (Belo Horizonte, 1922), Marianne Peretti (França, 1927), Mário Gruber (Santos,
1927 – Cotia, 2011), Michael Buhler (Inglaterra, 1940-2009), Orlando
Teruz (Rio de Janeiro, 1902-1984), Sérgio Telles (Rio de Janeiro, 1936), Ismael Monticelli (Porto
Alegre, 1987).
Carlos Frederico
Bastos (Salvador, 1925-2004)
Inicia sua formação artística
na Escola de Belas-Artes da Universidade da Bahia, onde ingressa em 1944. Nesse
ano, participa, ao lado de Mario
Cravo Júnior e de Genaro,
da 1ª Mostra de Arte Moderna da Bahia. Muda-se para o Rio de Janeiro, em 1946,
e conclui os estudos na Escola
Nacional de Belas Artes. Estuda também na Sociedade Brasileira de Belas
Artes e na Fundação Getúlio Vargas - FGV, sendo aluno de Iberê
Camargo e Carlos
Oswald. Paralelamente, faz cursos particulares com Portinari
e aulas de cenografia com Martim Gonçalves. Em 1947, de volta a Salvador, organiza
sua primeira individual na Biblioteca Pública. Nesse mesmo ano, realiza
especialização na Arts Students League,
Nova York. Vai para Paris, em 1949, onde faz cursos de pintura mural e afresco
na École
Nationale Supérieure des Beaux-Arts e aulas de desenho na Académie
de la Grande Chaumière. De volta ao Brasil, em 1951, participa do 1º
Salão de Arte Moderna, 1952, e do Salão Preto e Branco, 1954, entre outros.
Após novo período em Paris, de 1957
a 1958, monta seu ateliê em Salvador, fixando-se na
cidade.
O cenário da obra de Carlos Bastos é a Bahia, que ele
representa com franca postura realista. Valendo-se de desenho minucioso e forte
colorido, suas telas explicitam compromisso com o registro da região e sua
cultura. As festas - outro eixo temático bastante explorado - fornecem novas
possibilidades para a expressão da cor e da vida local. Também as figuras
populares, negros, meninos abandonados e jogadores são frequentemente
convocados a compor telas de cores exuberantes e/ou extensos painéis. O
universo religioso, católico e afro-brasileiro, ocupa lugar destacado no
interior desse leque temático.
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra4237/festa-civica - acesso
em 21 ago 2017)
Foi um dos mais célebres e versáteis artistas da China no século XX. Originalmente um
pintor tradicionalista, mas já nos idos da década
de 1960 era considerado impressionista e expressionista. Nascido em uma
família de artistas em Neijiang, estudou técnicas para tingir
tecidos em Kyoto, Japão e retornou para estabelecer uma célebre
carreira vendendo as suas pinturas em Xangai.
Admirador do mestre Shitao, pintou diversos quadros que
foram vendidos por altos valores por acreditarem ser quadros do século XVII.
Até 1941, suas obras basearam-se principalmente nos "Quatro Grandes
Pintores Monges da Dinastia Qing" (entre eles, Shitao), nos mestres da escola
de Wu da dinastia Ming e nos paisagistas
da Dinastia
Yuan. Em 1941, fez uma viagem às pouco exploradas cavernas de Dunhuang, um
paraíso artístico com milhares de pinturas milenares, esculturas, escrituras
budistas, documentos históricos, entre outros itens de valor inestimado que
ficaram escondidos até 1900. Lá, estudou e mudou seu estilo, adotando técnicas
e cores utilizadas em pinturas históricas pouco conhecidas e abandonadas pela
cultura chinesa.
Deixou a China em 1948 e, após a segunda revolução chinesa, mudando-se
sucessivamente para Hong Kong, Índia, Argentina e, enfim, em 1953, se instalou em Mogi
das Cruzes, onde permaneceu até 1970. No início dos anos 60, abandonou o
estilo guohua de pintura com
contornos traçados, voltou ao da xieyi:
pintura com expressão pessoal. Ao deixar o Brasil, mudou-se para os Estados Unidos, antes de sua residência definitiva em Taiwan.
A visita de Chang a Pablo
Picasso em Antibes (França), em 1956, foi divulgada
como o encontro dos dois maiores expoentes da arte do Oriente e do Ocidente.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Chang_Dai-chien
acesso em 21 ago 2017)
Chanina (Polônia, 1927 - Belo Horizonte,
2012)
Emigra para o Brasil com seus pais, aos nove anos
de idade, estabelecendo-se em Belo Horizonte. Cursa gravura em metal com Anna
Letycia e composição com Fayga Ostrower. Em 1946, estuda pintura e desenho com
Guignard, no Instituto de Belas Artes de Belo Horizonte, hoje Escola Guignard.
Naquele mesmo ano, ingressa no curso de medicina da Universidade Federal de
Minas Gerais, formando-se em 1955. Paralelamente ao exercício da medicina,
dedica-se às atividades artísticas e ao ensino, tornando-se professor de
pintura na Escola Guignard. Faz capas de livros e ilustrações.
A obra pictórica de Chanina caracteriza-se por
intenso colorismo e apóia-se numa abordagem em que a fantasia é a tônica
dominante. Os temas de suas pinturas são os mais variados, incluindo paisagens,
figuras, palhaços, cavalos e retratos, entre outros. Ao longo de sua carreira,
também faz algumas incursões pela abstração lírica.
O tema das cidades imaginárias, que permeia décadas
da produção de Chanina mostra os vínculos de sua pintura com a obra de
Guignard. Algumas lições deixadas pelo mestre marcam fortemente sua obra: o
grafismo, a linha como elemento decorativo e a cor modulada nas figuras e
muitas vezes na paisagem.
É recorrente nos trabalhos de Chanina a conciliação do uso da cor
homogênea, no primeiro plano, com a liberdade do traço, no fundo. Além disso, o
artista retoma de Guignard o emprego da transparência nas cores, o uso dos
azuis e a delicadeza dos meios tons, vazados por um lirismo onírico. A todas
essas características Chanina acrescenta algo da fantasia poética de Marc
Chagall.
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9791/chanina
acesso em 21 ago 2018)
Fernando
Coelho (Salvador, 1939)
Pintor, desenhista, artista gráfico, ilustrador e
publicitário. Interessa-se desde cedo pelas artes gráficas, trabalhando como
publicitário. Em 1961, obtém o primeiro prêmio num concurso de cartazes
instituído pelo governo do Estado da Bahia. Faz sua primeira exposição
individual em 1964, na Galeria Querino, em Salvador. Em 1997,
ilustra o livro Castro Alves: Edição
Comemorativa dos 150 anos de Antônio de Castro Alves, junto com
outros artistas, editado pela Fundação Banco do Brasil e Odebrechet.
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8473/fernando-coelho
acesso em 21 ago 2017)
Ildeu
Moreira (Belo Horizonte, 1920-1999)
Pintor, desenhista, gravador,
ilustrador. Inicia-se nas artes visuais no Rio de Janeiro nos anos 1940, como
desenhista no Suplemento Juvenil da
Editora Brasil América. Colabora como ilustrador em diversas revistas, entre as
quais Revista da Semana, O Cruzeiro e O Guri, além de chefiar o departamento de arte da Warner
Bros no Brasil. Em 1954 retorna a Belo Horizonte, onde é convidado pelo jornalista
José de Oliveira Vaz, dos Diários
Associados, para chefiar o departamento de artes do jornal o Estado de Minas.
Ismael
Monticelli (Porto Alegre, 1987)
Possui Bacharelado em Artes Visuais pela
UFRGS (2010) e Mestrado em Artes Visuais na Universidade Federal de Pelotas - UFPel
(2014). Dedica-se à pesquisa prática e teórica das relações instáveis entre
fotografia, arte, realidade e ficção. Possui experiência com fotografia para as
artes cênicas, tendo publicado suas imagens em jornais como Folha de São Paulo,
Estado de São Paulo, O Globo e Correio Braziliense. Tem experiência nas áreas
de Artes Visuais e Fotografia, pesquisando, principalmente, os seguintes temas:
história e crítica da imagem, processos de criação em fotografia, realidade e
ficção na fotografia, produção e pós-produção de imagens. Teve seu trabalho
destacado na seleção da Bolsa Iberê Camargo 2011 e foi premiado no Festival de
Fotografia HTTPpix (Instituto Sérgio Motta, São Paulo/SP, 2010). Realizou as
exposições individuais: “Todas as coisas, surgidas do opaco” (Santander
Cultural, Porto Alegre, 2014); “A paixão faz das pedras inertes, um drama” (Goethe-Institut,
Porto Alegre, 2011). Participou de diversas exposições coletivas em cidades
como Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belém.
(https://www.aura.art.br/artistas/ismael-monticelli)
Jatyr
Loss (Bento Gonçalves, 1919 – Porto
Alegre, 1988)
Natural de Bento Gonçalves,
filho de pai e mãe italiana. Morou em Porto Alegre e São Paulo. Iniciou-se na pintura
aos 11 anos de idade, criando condições próprias para estagiar com grandes
mestres de seu convívio e conhecimento das técnicas e costumes das artes
plásticas. Criou sua própria técnica com distorção de cores a qual lhe
proporcionou um dos maiores acontecimentos de sua carreira, participando de uma
mostra individual em Hollywood.
(Fonte: AMARP – Acervo Municipal de Artes Plásticas de
Caxias do Su)
Jorge
Costa Pinto (Salvador, 1916-1993)
Nascido numa tradicional família de Salvador e filho de um
próspero comerciante, Jorge Costa Pinto iniciou os estudos na Faculdade de
Direito da Bahia, onde se diplomou em 1938. Sua carreira como advogado registra
momentos de ascensão e grande sucesso.
A paixão pela pintura despontou cedo, pois, mesmo jovem e ainda
estudante de Direito, frequentou o curso livre da Escola de Belas Artes, além
do ateliê de Alberto Valença, pintor baiano e professor da Escola. Por muitos
anos pintou e desenhou em silêncio, pesquisando várias técnicas, enquanto
desempenhava seu papel de advogado.
A sua primeira mostra pública foi em junho de 1965, no ICBA –
Instituto Cultural Brasil Alemanha. Graças ao sucesso, outras se seguiram, em
destacadas galerias. No ano seguinte, foi a vez da Galeria Atrium, em São Paulo, mais uma vez
com expressiva participação do público amante das belas artes, inclusive com a
presença de Assis Chateaubriand que, já debilitado, em cadeira de rodas,
prestigiou o artista baiano.
Em 1977, expôs na Galeria
Tempo, em Salvador. A
essa altura, a carreira de advogado já tinha sido abandonada, desde 1971.
Finalmente, em seu lugar, emergiu o “Mestre Pintor”, nas palavras do escritor
Jorge Amado.
(https://www.jorgecostapinto.com/galeria-virtual
acesso em 22 ago 2017)
Maria Helena Andrés (Belo Horizonte, 1922)
Estuda pintura com Carlos
Chambelland, no Rio de Janeiro, entre 1940 e 1944, e com Guignard
e Edith
Behring na Escola do
Parque, em Belo
Horizonte, entre 1944 e 1947. Participa de diversas edições
do Salão Nacional de Belas
Artes - SNBA, do Salão
Nacional de Arte Moderna - SNAM e da Bienal Internacional de São
Paulo.
No decorrer dos anos 1950,
rompe com a figuração lírica em direção à arte
concreta. As composições desse período trazem uma sequência ritmada de
linhas verticais e horizontais, as áreas delimitadas resultantes são
preenchidas, aqui e ali, com cores distintas, que originam formas geométricas
como retângulos e quadrados. As linhas e cores são dispostas numa
esquematização organizada, alcançando a síntese formal almejada pelos
concretistas. Concomitantemente, o ritmo e a delicadeza das composições
conferem um aspecto poético a essa produção, cujo resultado formal guarda
semelhanças com as telas do holandês Piet Mondrian.
No início da década de 1960,
realiza viagem de estudo a Nova York, onde recebe a orientação de Theodorus
Stamos e entra em contato com o expressionismo
abstrato. Essa experiência promove uma transformação significativa em sua
produção, que se volta à pintura gestual, podendo ser qualificada entre o
abstracionismo lírico, informal. Os barcos são referência para a criação da
artista em diversas telas desse período, trabalhadas em superfícies de matéria
espessa.
Realiza várias viagens ao Oriente a partir da década
de 1970, e conhece o Nepal, Tibete, Japão, Tailândia e Índia. Nessas ocasiões,
participa de seminários e palestras. Motivada por tais experiências, realiza um
estudo comparativo sobre as culturas indiana e brasileira, publicado no livro Oriente-Ocidente: Integração de Culturas,
em 1984. Tais reflexões permeiam sua obra artística, que amplia a abstração, o
aspecto gestual, a fluidez e transparência da composição, procedimentos
provavelmente incorporados por seu contato e admiração pela arte oriental.
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa23/maria-helena-andres
acesso em 21 ago 2017)
Marianne Peretti (Paris, 1927)
Ingressa, aos 15 anos, na École Nationale
Superieure des Arts Décoratifs, França, onde estuda desenho e pintura. Depois,
realiza cursos livres na Académie
de la Grande Chaumière. Em 1952, apresenta exposição individual, com
desenhos e guaches, na Galerie Mirador, Paris. No Brasil desde 1953, participa
da 5ª Bienal de São Paulo (1959) e é premiada na 8ª Bienal (1965) pela capa do
livro As Palavras (1964), do
filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980). Em 1965, conhece a arquiteta Janete
Costa (1932-2008), que a incentiva a trabalhar com o vidro, matéria até
então desconsiderada pela artista. Em 1971, conhece o arquiteto Oscar
Niemeyer (1907-2012) com quem inicia longa parceria. São mais de 20
trabalhos com o arquiteto, dentre eles, a elaboração do painel de vidro do
Palácio do Jaburu, a reforma da Catedral Metropolitana de Brasília, na qual
Marianne projeta os vitrais que recobrem a Sé, o painel na fachada do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), e o vitral no Panteão da Pátria e da Liberdade
Tancredo Neves, todos em Brasília. Também executa esculturas e vitrais em
residências e instituições privadas, principalmente em Recife, onde reside
entre as décadas de 1960 e 1980. Seus trabalhos encontram-se no Ceará, Alagoas,
Rio de Janeiro, Itália e França.
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa217253/marianne-peretti
acesso em 22 ago 2017)
Mário
Gruber (Santos, 1927 – Cotia, 2011)
Autodidata, começa a pintar em 1943, apresentando uma produção ligada ao
expressionismo. Muda-se para São Paulo em 1946 e matricula-se na Escola de
Belas Artes. Em 1947, ganha o primeiro prêmio de pintura na exposição do grupo 19
Pintores. No ano seguinte realiza sua primeira exposição individual e passa
a trabalhar com Di
Cavalcanti. Recebe bolsa de estudo em 1949, vai morar em Paris, estudando
na École Nationale Supérieure des
Beaux-Arts.
Retorna ao Brasil em 1951 e funda o Clube de Gravura em sua cidade
natal, onde volta a residir. Em sua obra gráfica dessa época, aproxima-se do
realismo social. A cidade, as ruas e casas são temas para sua produção gráfica.
Monta ateliê de gravura em
São Paulo em 1970. De 1974 a 1978, mora em Paris, depois, ao retornar
ao Brasil, mora em Olinda, Pernambuco. Em 1979, monta ateliê em Nova York. De volta
a São Paulo, realiza obras de grande porte em espaços públicos como a estação
Sé do Metrô e o Memorial da América Latina. Na década de 2000, continuava a
trabalhar intensamente.
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10118/mario-gruber
acesso em 22 ago 2017)
Michael
Buhler (Londres, 1940-2009)
Foi obrigado a ganhar a vida ensinando
arte. Menos famoso como pintor do que merecia, no entanto, mostrou regularmente
seu trabalho a partir de exposições individuais na década de 1960. Era
respeitado e admirado por seus pares, não apenas pelo empenho pessoal como
artista, mas pela consistência, originalidade e sofisticação do seu trabalho. A
rara qualidade de humor em sua observação da condição humana deu-lhe um sabor
particular.
Como professor, Michael não foi menos
notável. Ele será lembrado por muito tempo com gratidão e carinho por colegas e
alunos, pois aplicou seu dom para ensinar a toda a gama de interesses
maravilhosamente variados. Seus métodos poderiam ser um pouco singulares - um
aluno desobediente, dado a vaguear em vez de abordar os problemas pictóricos na
mão, era amarrado à sua cadeira.
Michael nasceu em Londres, filho único do
primeiro casamento de Robert Buhler, ele próprio um pintor distinto, acadêmico
real, membro de longa data do corpo docente do Royal College of Art. Michael foi enviado primeiro para a escola Hampshire em Chelsea, em seguida, para Betteshanger, em Kent, e finalmente para Bryanston, em Dorset. Lá seu talento
inato foi incentivado e desenvolvido. A partir de Bryanston, Michael seguiu para a Royal College of Art. Para ser não só o filho de um pintor, mas
para ser ensinado por ele também. Enquanto compartilhava com o pai uma sutileza
natural e delicadeza de toque, quase que imediatamente procurou distanciar-se
dele em forma e abordagem.
Frente à pop art e o
abstracionismo, sua solução foi desenvolver um amálgama dos estilos, expresso
em primeiro lugar em termos de uma paisagem nítida e colorida, e, em seguida,
cada vez mais em termos de uma figuração narrativa simplificada. Ele também
muitas vezes fez caixas em camadas, o que representa um mundo superior e um
inferior. Foi uma abordagem e uma resolução de um dilema pessoal, que iria
sustentá-lo ao longo da vida.
(www.theguardian.com/artanddesign/2009/dec/09/michael-buhler-obituary
tradução:
Luis Guilherme Ramos Dias Machado / adaptado por Flávio K.)
Orlando Teruz (Rio de Janeiro, 1902 -
1984)
Estuda na Escola Nacional de Belas Artes entre 1920
e 1923, tendo, no ano seguinte, sua primeira participação na Exposição Geral de
Belas Artes do Rio de Janeiro. Em 1934, recebe Prêmio de Viagem ao Exterior,
que usufrui apenas em 1939, quando viaja para França, Holanda e Itália, mas é
obrigado a interrompê-la devido à deflagração da Segunda Guerra Mundial.
Trabalha com Lucio Costa e Candido Portinari pela implantação da divisão
moderna no Salão Nacional de Belas Artes, que passa a vigorar em 1940. No ano
de 1944, integra a Exposição de Pinturas Modernas Brasileiras, realizada na
Burlington House, sede da Royal Academy of Art de Londres. Participa em 1951 e
1953 da 1ª e 2ª Bienais de São Paulo.
Como aponta Carlos Heitor Cony (1926) em livro
dedicado à obra de Orlando Teruz, seu trabalho aproxima-se muito da produção de
Candido Portinari, com quem convive desde a
formação na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, tanto em termos
formais como temáticos. Ambos propõem uma pintura moderna, que fuja às soluções
determinadas pelo estudo acadêmico, mas mantém a relação com a tradição.
Como Portinari, Teruz possui grande domínio da
técnica, tanto da pintura como do desenho de observação, aprimorados durante o
período de formação na Enba. Sua temática aborda cenas de infância - inúmeras e
presentes em todos os períodos da vasta produção do pintor – cavalos e reuniões
populares.
No limiar entre moderno e tradicional, Teruz
resvala, por vezes, em soluções trazidas pelos movimentos de vanguarda, sendo o
surrealismo a referência mais marcante no que diz respeito a ambientações
oníricas, ainda que presente em sua produção tardia.
Pedro Weingärtner (Porto Alegre,
1853-1929)
Filho de um imigrante alemão, trabalha
inicialmente numa loja de ferragens e depois num estabelecimento litográfico.
Em 1879, viaja por conta própria para Hamburgo, na Alemanha, e estuda no Liceu
de Artes e Ofícios. Posteriormente, segue para Karlsruhe, cursa a Escola de
Belas Artes de Baden.
No início dos anos 1880, viaja para Paris,
estuda com Tony Robert-Fleury e William-Adolphe Bouguereau, com quem permanece
por três anos. Bouguereau solicita ao Imperador Dom Pedro II uma bolsa para que
o jovem possa continuar seus estudos na Europa. Em 1886, Weingärtner passa a
residir em Roma, onde permanece por longo período. Viaja constantemente ao
Brasil e participa de diversas exposições. Realiza mostra individual no Rio de
Janeiro, em 1888, com paisagens e cenas de gênero, muito elogiadas pelos
críticos brasileiros.
De volta ao Brasil, em 1891, torna-se professor da cadeira
de desenho figurado na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio e Janeiro.
Realiza diversas viagens ao sul do país, e explora temas regionais, que se
tornam freqüentes em sua produção. Viaja novamente para a Itália, entre 1896 e
1902, e posteriormente, entre 1911 e 1920, realizando constantes viagens ao
Brasil. Passa a dedicar-se também à técnica da água-forte, da qual é um dos
precursores no país.
(PEDRO Weingärtner (1901 : São Paulo, SP). In: ENCICLOPÉDIA
Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017.
Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento567733/pedro-weingaertner-1901-sao-paulo-sp>.
Acesso em: 04 de Set. 2017. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7)
Sergio Telles (Rio de Janeiro,
1936)
Desenhista, pintor e ilustrador. Em meados de 1954 estuda na
Colméia, no Rio de Janeiro. Realiza sua primeira exposição individual em 1955,
no Rio de Janeiro. Em 1957, viaja pela Europa e visita os principais museus da
Itália, França, Holanda e Portugal. Nessa mesma época, faz estágio nos serviços
de restauração da Pinacoteca do Vaticano. De volta ao Brasil, freqüenta os
ateliês de Rodolfo Chambelland, Oswaldo Teixeira e de Marie Nivoulies de
Pierrefort, no Rio de Janeiro. Em 1964, ingressa na carreira diplomática. Na
década de 70, viaja para Porto Seguro, Bahia, por sugestão do escritor Jorge
Amado, e realiza desenhos e óleos, publicados em livro, com a colaboração de
Jorge Amado e Jeanine Warnwood. É autor de Nivouliès
de Pierrefort, editado em Buenos Aires pelo Museu de Arte Moderna, 1974; e
ilustrador de Rio de Janeiro,
lançado no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1978.
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa682/sergio-telles
acesso em 22 ago 2017)
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