No dia 11 de julho de 2017,
terça-feira, a partir das 18h, serão inauguradas duas novas mostras de artes
visuais no Paço dos Açorianos. O centenário prédio localizado no coração de
Porto Alegre, também conhecido como “Prefeitura Velha”, passará a exibir ao
público visitante uma seleção de fotografias pertencentes ao acervo da
Pinacoteca Aldo Locatelli na mostra Imagens
Incontornáveis e a exposição Sobre aterro:
profundezas e flutuações de duas jovens artistas porto-alegrenses: Tula
Anagnostopoulos e Viviane Gueller com curadoria de Maria Ivone dos Santos.
No mesmo dia, com inicio às 18h30, ocorrerão
duas atividades na exposição Mar Negro
de Patrícia Francisco e o Povo do Cativeiro: Marion Velasco apresentará “Soro
Nostrum em Mar Negro”, vídeo realizado no Mediterrâneo seguido de uma conversa
performatizada junto à obra “Iemanjá encontra os Pretos Velhos”. E os artistas
Antônio Augusto Bueno e Luís Filipe Bueno ofertarão ao público “ESCRAVIDÕES”,
impresso assinado pela dupla e incluindo texto e imagem produzidos a partir do
convite da exposição de Patrícia Francisco, em cartaz no Paço dos Açorianos.
Imagens
Incontornáveis
a
fotografia da Pinacoteca Aldo Locatelli
Imagens incontornáveis é um modo de dizer que se
aplica sobremaneira a uma exposição que guarda como suporte de expressão a
fotografia. O registro de imagens por captura instantânea, desde suas origens,
não estabeleceu fronteiras fixas entre ser documento ou uma forma de arte. A
revolução digital que vem marcando o século XXI colocou à disposição de todos a
possibilidade de fotografar, arquivar e enviar imagens numa velocidade e volume
incomensuráveis. No entanto, o fato de hoje todos sermos fotógrafos, só reforça
uma propriedade que sempre esteve presente na fotografia: que é a possibilidade
de tornar presente a ausência. As imagens foram obtidas num momento do passado
que nos é cada vez mais próximo, e, por conseguinte são vistas com o filtro do
presente. Por esse ângulo pode-se pensar em um documento, por outro lado, o
registro da fotografia é também interpretação e assim abre-se para o campo das
artes que é uma leitura ou até mesmo transfiguração da realidade.
A exposição que ora se apresenta é formada por
fotografias, assinadas por diferentes artistas brasileiros, pertencentes ao
acervo da Pinacoteca Aldo Locatelli. A tônica dos trabalhos confere a dimensão
interpretativa daquilo que identifica todos os seres do reino animal: o corpo.
Estas representações por vezes sugerem um anonimato intencional, por outras
desbravam intrincadas noções de identidade. Em algumas destas fotografias, embora
o foco incida sobre um detalhe do corpo, o gesto ou ação em curso remete a um
conceito descolado do próprio corpo. Outro grupo de obras confere sentido a
expressões da criação humana como paisagens transformadas, arquitetura,
utensílios de consumo e personagens do universo da indústria cultural. Assim,
uma cicatriz é “desplugada” do corpo e pode referir a uma marca, um caminho ou
a outro ser vivo e cowboys de plástico remetem à infância rememorada com o
sabor do mundo pop, entre outras possibilidades de leitura de acordo com o
repertório de vivências dos visitantes.
Artistas
participantes
ADAUANY ZIMOVSKI (Jacareí, 1983),
ALEXANDRE CAPPELLARI (Porto Alegre, 1968), AMANDA TEIXEIRA (Porto Alegre, 1991),
ANA FLÁVIA BALDISSEROTTO (Caxias do Sul, 1972), BRUNO BORNE (Porto Alegre,
1979), CARLOS PASQUETTI (Bento Gonçalves, 1948), ETHIENE NACHTIGALL (Pelotas,
1971), ISMAEL MONTICELLI (Porto Alegre, 1987), JOAQUIM PAIVA (Vitória, 1946),
LEANDRO SELISTER (Vacaria, 1965), LEOPOLDO PLENTZ (Porto Alegre, 1952),
MARILICE CORONA (Porto Alegre, 1964), NIURA LEGRAMANTE (Porto Alegre, 1961) e
VERA CHAVES BARCELLOS (Porto Alegre, 1938).
Sobre Aterro:
Profundezas e Flutuações
Tula
Anagnostopoulos e Viviane Gueller
A instalação elaborada por Tula
Anagnostopoulos e Viviane Gueller ocupa algumas galerias do porão da Prefeitura
de Porto Alegre onde dialogam e constroem um alusivo jogo entre esse espaço e
seu entorno. Viviane ali localiza sua experiência pelo rio Guaíba, criando
zonas de flutuação e de devaneio que nos conduzem por algumas rotas de
navegação, assim como nos propicia a experiência de um horizonte inclinado que
se detém diante de um dos maiores investimentos privados que ocupa as bordas da
cidade de Guaíba. Tula nos propõe uma entrada em galerias profundas, na medida
em que remexe a memória da antiga Doca do Carvão que existia entre a Prefeitura
e o Mercado Público, e que hoje é área aterrada. Sabemos que por ali transitava
o carvão mineral vindo das minas do interior do Estado para a geração de
energia da cidade de Porto Alegre. Flutuar no rio, conduzidos pelo vídeo
instalado e pela narrativa de Viviane, é desafiar o eixo horizontal tentando
nele se manter. Escutar os movimentos do carvão sendo manipulado por Tula -
carvão que impregna real e metaforicamente o ambiente, em meio a uma atmosfera
quente, nos faz descer em profundidades da memória desse lugar. Criando essas
zonas de pensamento, ora fluídas, ora secas e ríspidas, enveredamos na
experiência sensível da arte, que para além dos pragmatismos econômicos que
marcaram as decisões sobre Porto Alegre, cria elementos e sensações que
interligam o Porão do Paço dos Açorianos e seu entorno e que refletem sobre
nossa história comum.
Maria Ivone dos Santos, curadora
Paço dos Açorianos ("Prefeitura Velha")
Praça Montevidéu, 10 - Centro Histórico - Porto Alegre
Abertura das exposições: 11 de julho, terça-feira, às 18h
IMAGENS INCONTORNÁVEIS. A FOTOGRAFIA NA PINACOTECA ALDO LOCATELLI
12 de julho até 8 de setembro
SOBRE ATERRO: PROFUNDEZAS E FLUTUAÇÕES
12 de julho até 11 de agosto
Visitação: segunda a sexta, das 9h às 12h e das 13h30 às 17h30
informações: acervo@smc.prefpoa.com.br/ (51) 3289-3735
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